
Sylvia undata
Nesta altura do ano, em que já se notam bem os dias a crescer e em que a primavera é o próximo passo existem já alguns movimentos sazonais.
Se repararmos nas árvores, os gomos estão a começar a desabrochar, também já se notam alguns movimentos migratórios das aves como é o caso da andorinha dos beirais e das chaminés que embora ainda em número reduzido começaram a ver-se por Mação no final de Janeiro.
Estas movimentações não são de estranhar pois a primavera aproxima-se a passos largos e o ciclo da vida não pode ser interrompido.
Muitas vezes parece não haver vida, parece não haver nenhuma atividade, mas ela esconde-se por toda a parte basta estarmos atentos.
Certa vez, num dia de caminhada pelo campo para os lados do Brejo Grande, numa zona de mato baixo, onde predominam as carquejas, urzes e estevas, parecia que naquele campo não havia vivalma. Lembrei-me então de uma pequena ave insectívora, característica de qualquer tipo de habitat. É a toutinegra do mato “Sylvia undata” que tem um chamamento fácil de imitar, tipo chaihhrrr. Tentei então imitar este “som”, depois de umas insistências já havia pelo menos 4 toutinegras nas imediações a responder ao chamamento.
Tal como o nome indica, toutinegra do mato, predomina neste tipo de habitat, comum e residente na maior parte do território, é uma das mais pequenas toutinegras medindo uns escaços 13 cm. Passa despercebida pois passa grande parte do tempo embrenhada no mato. De vez em vez é possível observá-la a passear entre arbustos, ou então a cantar no topo de um tojo.
É muito fácil de identificar não só pelo canto característico como pelas cores, um cinzento azulado por cima, sendo por baixo de uma cor de vinho com tons ferrugíneos, o centro do abdómen é branco sujo e na zona do papo apresenta pequenas pintas brancas. Outras duas características são a iris em volta do olho vermelho e o seu rabo comprido que confere a esta ave um aspeto muito castiço. A fêmea é idêntica mas com cores mais baças.