Ainda me recordo dos tempos de adolescente com 13 ou 14 anos, tomava o pequeno-almoço à pressa e saía do nº 13 da Rua do Corço em Idanha-a-Nova para me juntar aos meus comparsas de “aventuras”.
No verão tínhamos sempre como destino certo descer as fragas até ao rio Pônsul, pelo caminho ora apanhávamos espargos, ora amoras ou então entravamos à “socapa” em alguma horta para ir às laranjas (por vezes calhava a horta da minha avó). Umas vezes íamos pescar outras nadar. Aliás foi lá que aprendi a nadar com o meu primo Daniel Jorge.
Sempre que ia aquele local procurava cágados, sempre achei piada aquelas “tartarugas” do rio, na maior parte das vezes apanhava umas bem pequenas com a carapaça redonda, deviam ter uns escassos 3-4 cm. Por vezes, via-os a mergulhar e quando conseguia, mergulhava atrás deles e se fosse rápido não me escapavam.
Há umas semanas enquanto ia a conduzir, encontrei um cágado no meio da estrada, o que me trouxe algumas dessas recordações.
Agora que se aproxima o Inverno, eles procuram um local para hibernar, isto se o inverno for rigoroso, mas por ali não seria decerto o melhor caminho, por isso decidi soltá-lo na ribeira.
Quando o agarrei logo largou aquele cheiro característico a “lodo”, que é produzido por umas glândulas que têm como finalidade desencorajar os predadores.
A definição “cágado” é simples: são o nome dado a tartarugas de água doce. No nosso país encontramos duas espécies destas “tartarugas”, o cágado-do-mediterrâneo (Mauremys leprosa), o que encontrei, que tem uma distribuição que engloba a Península-Ibérica, sul de França e o norte de África, e o cágado-de-carapaça-estriada (Emys orbicularis) que tem a mesma distribuição e ainda ocorre até à Europa Central e Ásia Ocidental. Apenas no nosso país é em menor número que o cágado-do-mediterrâneo e as suas populações encontram-se em perigo. Qualquer das duas espécies estão protegidas por lei, e é proibida a sua captura.
Este que apanhei tem tons castanho esverdeado, e no corpo encontram-se tons alaranjados, enquanto o outro apresenta pintas amarelas tanto na carapaça como no corpo.
Depois de observar melhor, vi, que era uma fêmea, pois a parte debaixo da carapaça era um pouco convexa, enquanto, no macho é côncava (um pouco arredondado mas para dentro).
Aqui estão as fotos da sua libertação, assim vai poder voltar a alimentar-se, e reproduzir-se na natureza. Cada animal que retiramos da natureza é menos um animal a reproduzir-se, e no futuro menos crias e espécimes no planeta!
Apanhar (se necessário), observar, libertar é um bom conceito a seguir! Os animais presos em gaiolas, aquários, tanques poços etc… perdem toda a sua beleza natural.
A primeira foto é minha as restantes são de Gonçalo de Carvalho, obrigado pela ajuda! Este Cágado foi um sortudo até teve direito a um grande fotógrafo. Abraço Gonçalo!
Abraço e boas observações!