A frescura do Outono

Quando era miúdo olhava com alguma curiosidade os cogumelos relacionando-os com alguma crença em que neles algo de mágico e maravilhoso pairava, não sei se por causa dos “estrunfes” (os smurf’s de hoje) desenhos animados que via em pequeno, estes diminutos seres azuis que viviam numa floresta encantada em que as suas casas eram feitas precisamente em cogumelos.

No nosso imaginário sempre existiu aquela sensação que as florestas eram locais inacessíveis em que habitavam seres mágicos como “gnomos” e anões que protegiam a sua floresta. Sempre aquela certeza de outras coisas não menos “mágicas” existentes como os cogumelos (que aparecem praticamente de um dia para o outro), musgos (que parecem florestas muito reduzidas), pútegas (que emergem do solo com cores vivas), árvores antigas ou mesmo o nevoeiro que se levanta do chão quente, grutas e outros seres como corujas, mochos, veados entre outros. Enfim, magia!

Mas, o que é certo, é que as florestas são realmente mágicas e a “mãe natureza” é a sua real criadora. Há dias passei num local algures perto de Trancoso em que árvores grotescas, castanheiros imponentes, olmos (já raros com tal envergadura), carvalhos com as suas folhas arredondadas cheios de bugalhos pendurados nos ramos e freixos enormes já com as folhas a cair.

Havia humidade no ar que me enchiam os pulmões de ar puro. Alguns sons rompiam o silêncio, eram pêgas-azuis, felosas, tentilhões, pequenos chapins-de-poupa que com aquela crista super engraçada me fazem lembrar o mítico Robin dos Bosques, um pica-pau batia com insistência em algum tronco lá longe.

Enquanto caminhava com a minha pequena Beatriz algo de belo e simples nos chamou a atenção, à distância e ao primeiro olhar seriam flores. Mas ao aproximarmo-nos depressa vimos que afinal não eram flores mas sim cogumelos, com um aspeto bem engraçado, depressa me veio a ideia de que teria de escrever um “post” no respira natureza. Observem na fotografia e podem tirar as vossas próprias elações. Trata-se de um cogumelo do género Coprinus (cogumelos decompositores), atrás ainda se conseguem ver alguns ainda fechados e os outros já na fase final.

Estou certo de lá voltar pois não tirei fotos ao tronco daquele grande olmo como poucos se veem devido a uma doença que os faz secar a partir de determinado diâmetro do tronco mas este resistente continua ali a vigiar aquele bonito recanto.

Até ao próximo artigo!

4 thoughts on “A frescura do Outono

  1. Atenção que este coprinus é (parece) venenoso. Existe o coprinus branco, o coprinus comatus, que é comestível e medicinal podendo substituir o comprimido de insulina no caso da diabetes.

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    • Boas! Já tenho encontrado, mas não me aventuro a comer muitas variedades de cogumelos. Apenas 4 ou 5 variedades. Obrigado pela informação e também pelo comentário.
      Abraço!
      Gady

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  2. Nunca tinha visto cogumelos assim, mas associando-os à magia diria que pertenciam à rainha má da branca de neve. Gostei muito do post. Está tão bem escrito que me senti como se estivesse a ler a página de um livro.

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