Adoro vaguear junto a zonas ribeirinhas! Foi o que fiz hoje, pela manhã, quando me desloquei com um colega até às margens do rio Tejo em Ortiga-Mação. Nestes locais a beleza natural é surpreendente, quer pela simplicidade, quer pela extravagância, as rochas, os reflexos na água, os seres vivos, enfim há que caminhar.
A primeira coisa que se destaca na paisagem é sem dúvida o rio com a sua história e com a sua vida, e se falarmos de vida há que falar das aves que são sempre as primeiras a dar os bons dias. Além das aves que vemos em qualquer lado que passemos, aqui também podemos observar aves ripícolas, e hoje deixaram-se ver várias. Destaco a garça-real, corvos marinhos, guarda-rios, pato-real, maçarico-das-rochas, borrelho-pequeno-de-coleira entre outras.
Mas o maior momento da manhã foi sem dúvida o avistamento de uma águia-pesqueira (Pandion haliaetus), não só pelo seu porte mas também pela forma como a avistei. Foi através do reflexo da água, em que exclamei “não! É uma águia-pesqueira!!” o engraçado é que trazia uma presa enorme nas garras, e também pelo facto de haver sete gralhas no seu encalço, foi espectacular! Não consegui tirar fotografia pois havia arvoredo em redor. Mas o momento ficou registado na minha cabeça (risos).
Por ali também encontrei rochas estranhas, árvores magnificas, construções humanas que ainda resistem ao tempo como velhas pesqueiras e velhos abrigos de pescadores de outros tempos.
Tempos em que ainda existia no Tejo o esturjão (Acipenser sturio), sem dúvida um fóssil vivo que acabou por se extinguir em Portugal muito derivado às barragens que foram surgindo impedindo-o de chegar aos locais de desova, por outro lado também pelo facto das suas ovas serem muito apreciadas. Não conhecem o famoso caviar!? Ora aí está, e assim se extinguiu mais uma espécie em Portugal. Era sem dúvida um peixe enorme havendo registos de um pescado com cerca de 3.75 metros, isto um registo antigo do tempo do Rei D.Dinis, mas o ultimo esturjão pescado em Portugal foi na década de 80 no rio Guadiana. Já aqui na zona da Ortiga onde hoje vaguei, existe esta antiga fotografia tirada nos anos 40 onde se pode ver o “bicho.”
Por entre reflexos belos, heis que a poluição se denuncia num deles, pois as regras no Tejo são ditadas de outra forma, pelo que penso que o nosso Tejo esteja a morrer.
Por volta das 10 horas nota-se que a água começa a subir pois as comportas da barragem de Belver foram abertas e aos poucos vai surgindo espuma e mau cheiro.
Nos últimos anos muito se vem falando da poluição no Tejo, a que eu digo que isto são dos frutos colhidos nas nossas serranias infestadas de eucaliptos alimento de fábricas de papel e é sem duvida em Vila Velha de Ródão que a água suja aparece e as autoridades…. Bem mais vale ficar por aqui, muitos dizem que o Tejo está morto e é o mais certo!
Hasta!!!