Hoje surpreendi uma ave bem típica do nosso país, com o seu aspeto inconfundível que a torna bem fácil de identificar não fosse entre outros aspectos da sua fisionomia, a característica “poupa” que acaba por lhe dar o nome Poupa (Upupa epops)!
Sempre gostei bastante desta ave, pelo seu aspecto, pela sua forma de voar que até parece ser feita de papel, quer pelo seu canto peculiar.
Como podemos ver nas fotos que postei, além do preto e branco nas asas e rabo, apresenta um castanho alaranjado no resto do corpo, tirando o abdómen que é esbranquiçado. A sua poupa tem manchas pretas na ponta, e quando esta está aberta até parece ter um leque na cabeça. As patas são cinzentas e o bico é comprido e encurvado para baixo, muito útil para procurar alimento no solo.
Esta estava a alimentar-se no solo, usando o bico para caçar provavelmente insectos, mas também se alimenta de minhocas, pequenas lagartixas ou cobras, também se alimenta de lagartas-do-pinheiro e das suas crisálidas, quando estas estão debaixo do solo, aí sim, dá muito jeito ter um bico daqueles.
Habita os mais variados habitats, desta vez encontrei-a numa zona de hortas, embora também já a tenha encontrado em jardins, florestas, zonas pedregosas e até em zonas ribeirinhas. Em miúdo descobri um ninho dentro de um pequeno alguidar numa “casota” onde estava o motor que tirava água do poço, elas lá entravam por um buraquito na parede e ali fizeram o ninho. Um ninho estranho sem uma palha, as crias segundo me lembro eram bem feias, cinzentas e mal cheirosas.
Esse mau cheiro é uma “ferramenta” anti-predadores, trata-se de uma glândula uropigial que quando necessário segrega um líquido pestilento, daí aquele cheiro, talvez por eu andar sempre por lá a espreitar.
Aliás por falar em ninho, é mais ou menos nesta altura do ano que começam a tratar de acasalar, o ninho normalmente fica situado em buracos, tanto em árvores como nas rochas ou mesmo em construções humanas.
Este ano observei poupas em todo o Inverno, tem havido anos em que não se avistam com tanta regularidade, dependendo do clima, podem migrar. Isto acontece nos indivíduos do norte da Europa, e mesmo do norte de Portugal e Espanha. Na metade sul do nosso país existem poupas residentes que estão por cá todo o ano, outros indivíduos há que vão para África.
Como falei no início deste artigo, tem um canto bastante peculiar que consiste num “Puu puu puu”, três vezes, um pouco semelhante ao cuco embora este ultimo faça “Cu cu” duas vezes! Um pouco de atenção e repararão nas diferenças que aqui são bem explicitas, mas no campo tudo parece diferente aos menos atentos.
Uma curiosidade é que esta ave de aspecto bem castiço é o único membro da sua família (Upupidae)!
Abraço!