Uma busca mais cuidada.

Após a minha ida ao Poço Mourão, situado na freguesia da Amêndoa (Mação) onde passa a Ribeira da Galega, e não ter encontrado nenhum espécime de rã-ibérica como há alguns anos atrás, voltei lá para fazer uma busca mais cuidada, não fosse este um dos últimos redutos mais a sul da sua distribuição natural.

Para começar estava mais um dia de calor, iniciei então a minha procura um pouco mais acima do Poço Mourão. Por ali encontrei rãs verdes Rana perezi que embora possam existir espécimes do castanha ao verde não são confundíveis com a rã-ibérica.

Numa zona de águas mais baixas onde se fazia sentir a fraca corrente de água, normal nesta altura do ano, notei que afinal ainda estavam por lá.

E finalmente apareceu a primeira Rã Ibérica (Rana iberica)

Não consegui fotografar espécimes grandes, apenas uns mais pequenos, mas a existência destes prova que também haverão maiores (normalmente com cerca de 5 a 6 cm). Com alguma calma consegui fotografa-las.

Duas pequenas, engraçado que só as encontrei onde havia corrente, em zonas de água mais parada não encontrei nenhuma.

Continuei a descer a ribeira e no total devo ter reparado em cerca de 10 indivíduos naquele troço que fiz, entre eles um alarmante lagostim-vermelho-do-louisiana Procambarus clarkii, uma espécie exótica prejudicial a outras espécies nativas, entre elas, a rã-ibérica Rana iberica.

O lagostim-vermelho-do-louisiana (Procambarus clarkii), é uma espécie exótica com uma alimentação muito variada, desde pequenos peixes, algas, pequenos organismos, ovas entre outros.

Continuando por entre pequenas charcas e cascatas fui observando as formas de vida ali existentes, libélulas, libelinhas e eis que uma cobra-de-água-viperina Natrix maura me desperta a atenção pelo seu reduzido tamanho, bonita não?!

Uma libélula o Gonfus das nascentes (Onychogomphus uncatus)

Uma pequena cobra-de-água-viperina (Natrix maura).

Quando voltava para o carro ainda fotografei a “malhadinha”, uma borboleta de cores modestas mas muito bonita, poderão ler algo mais sobre ela neste artigo escrito por mim há uns meses: https://respiranatureza.com/2017/04/14/malhadinha/

A Malhadinha (Pararge aegeria) é uma espécie muito frequentemente em Portugal principalmente em zonas arborizadas evitando descampados.

De realçar a diferença em zonas nesta mesma Ribeira da Galega onde existem troços naturais sem espécies exóticas.

Heis um troço da ribeira sem as invasoras acácias, por ali a vida prospera.

E outros locais onde existem acácias, uma espécie que praticamente consegue com que mais nenhuma espécie prospere.

Um torço da ribeira rodeado de acácias, onde pude constatar a falta de biodiversidade, parecendo só ali existirem mesmo as acácias.

Abraço!