Descendo ribeiras de Mação- Parte 1
Há uns dias atrás resolvi descer um troço da Ribeira do Carvoeiro numa zona onde aparecem vários afloramentos rochosos quartezíticos. Comecei por uma zona bastante conhecida, o Pego do Cabril perto da localidade de Vale da Mua.
Como se sabe a paisagem está desoladora mas ao verem as fotos deste artigo, repararão que alguns troços de grande beleza continuam verdes.
As primeiras visões logo ali no Pego do Cabril foram negras. Num local onde antes era muito difícil avançar derivado a uma vegetação ribeirinha abundante, neste dia foi num ápice que avancei no terreno.
Logo ali encontrei uma rã-ibérica Rana iberica, um primeiro sobrevivente a estas fatídicas semanas.
Descendo por aquele vale fora vestígios de outros tempos resistem na paisagem. Antigas levadas de água que alimentavam de energia as outrora produtivas azenhas que moíam o cereal produzido pelos montes.
Também vasos por aqui e por ali não desmentem um passado em que a resinagem dava trabalho a muita gente que por ali fazia vida.
Um pouco mais abaixo, por entre cinzas, eis que o verde me surpreende, e começo a reparar nos penhascos à minha volta, neles abundam abrigos naturais, nascentes descem dos montes apesar de ser verão e as temperaturas estarem bem quentes, não seja Mação a terra da água.
Encontro alguns ninhos, mas a vida é muito pouca pois apesar de algum verde o fumo gerado pelo incêndio deve ter sido brutal para muitos seres vivos que por ali se refugiaram.
Entrei numa pequena caverna, e hoje posso escrever que apanhei um grande susto pois não estava a contar com o que encontro lá dentro! Morcegos que de rompante se atravessaram à minha frente. Estas coisas fazem bem ao coração (risos).
Enquanto fazia aquele percurso encontrei muitos animais mortos, alguns nem dava para entender o que seriam, este javali conseguiu chegar à ribeira mas não foi o suficiente.
Com o tempo a escassear espero completar o resto desta pequena viagem amanhã.
Abraço!
RESPIRA NATUREZA 