Após chegar à ribeira, torna-se bem mais fácil avançar, pois sempre dá para andar no meio desta, isto sem molhar os pés pois a água não é muita permitindo ir saltando de pedra em pedra. No Inverno isto seria impossível pois o caudal deve aumentar bastante.
Na margem direita da ribeira a cerca de cinco metros da água reparo numa toca abandonada que creio ser de lontra.
No meio da vegetação ribeirinha uma planta destaca-se, por ali poucas plantas se vêem com flor, e esta fica então em vantagem face a tantas outras. Trata-se da salgueirinha Lythrum salicaria, uma planta autóctone e muito comum em zonas ribeirinhas, charcos, lagoas e outras zonas húmidas.
Atraída pelas flores da salgueirinha uma borboleta vai-se alimentando, e por consequência ajuda esta planta ao polinizá-la. Trata-se de uma Leptotes pirithous muito comum de norte a sul do país.
Aproveito antigas levadas de água para ir descendo a ribeira, em conversas com pessoas de mais idade fico a saber que por ali, no lado de Mação existiriam levadas de água dos tempos dos romanos, feitas com grandes telhas de cerca de um metro de comprimento e que estas levariam água do Vale-da-Abelha até aos balneários romanos em Vale-de-Junco na Ortiga, uma pena que esta herança romana não seja devidamente explorada e protegida no nosso concelho.
Um papa-moscas-cinzento Muscicapa striata observa-me do alto de uma árvore. Esta espécie não se reproduz no nosso país e apenas é observada quando em migração.
Seguindo pela antiga levada de água chego à velha azenha que tinha avistado lá do alto.
É fantástico como os homens que nos antecederam eram hábeis face aos materiais que dispunham para fazer determinados engenhos. Ora observem, nesta foto, onde a água entraria na azenha por este “tubo” revestido a barro…
No próximo artigo mostrarei um pouco deste recanto, onde velhas azenhas guardam vestígios de antigas vivências, e locais onde o granito foi sendo modificado quer pelo homem quer pela força dos agentes erosivos.
Abraço
Obrigado amigo pelas suas lindas ,explicidas e bem documentadas reportagens.Nota-se bem que é um grande amigo ,interessado e respeitador da Natureça!assim fossem todos e estariamos bem melhor em Portugal.Um abraço,José Santos
GostarGostar
Obrigado Sr. José, assim deveríamos ser todos, a natureza é sem dúvida alguma a maior de todas as religiões. Só esta nos permite realmente viver. Grande Abraço!
GostarGostar