O ser humano é sem dúvida alguma um ser oportunista e por isso chegou ao topo de todas as cadeias alimentares.
Apesar da sua fraqueza física, o poder de raciocinar colocou-nos numa posição privilegiada. No entanto o que temos de bom temos de mau, e por vezes uma certa irracionalidade quando pomos frente a frente o oportunismo à razão.
Hoje em dia e depois dos grandes incêndios não são muitas as áreas que permanecem verdes no meio de milhares de hectares em cinzas. Esses espaços ainda verdes e principalmente junto a ribeiras os “sobreviventes” concentram-se, pois na área queimada não existe alimento nem proteção.
Cabe a estes animais aos poucos voltar a repovoar estes imensos espaços vazios onde toda a fauna desapareceu.
No entanto a falta de racionalidade de alguns aliada a uma esperteza “saloia” faz com que os levem a tomar partido desta tragédia e neste caso à captura de aves nestas áreas onde os animais se refugiam. Assim, milhares de aves são capturadas para servirem de “pitéu” em alguns petiscos sazonais.
Em primeiro lugar, a captura de aves, é crime por lei. Estupidez ou simples ignorância?
Nestes ditos petiscos alguns deles com várias centenas de aves que pesarão em média 15 a 20 gramas, são piscos, toutinegras, felosas, papa-moscas, tentilhões entre muitas outras.
Vejamos, então, o que estes hábeis homens conseguem fazer: por exemplo um pisco que faz cerca de 3 posturas, cada uma delas com cerca de 5 ovos, ao fim de um ano serão 18 aves a menos no anos seguinte. Mas estamos a falar de uma ave, agora multipliquemos pelos milhares de aves que são capturadas… Dá que pensar…
Tudo vem da educação que nos dão, esta é a base da vida de um adulto, e é em casa e nas escolas que deveria ser transmitido o cuidado e a importância da preservação do nosso planeta.
O ser humano tem um tempo de vida relativamente insignificante perante a grandiosa natureza.
Há duas formas de encarar a vida, explorar este mundo que encontramos ao abrir pela primeira vez os olhos quando nascemos, procurar entender, aprender, explorar no bom sentido. Ou então da forma como o mundo está a ser gerido, explorando este local onde um dia nascemos pilhando e saqueando em busca de gozo ou de dinheiro. Não será mais digno “usarmos” esta terra como fazendo parte dela e não como sendo donos dela?!
Quantos animais ou plantas estarão extintos no nosso concelho? Centenas? Milhares? Extinções mundiais começam pelas extinções locais, quando alguma espécie de fauna ou flora desaparece no nosso concelho, depois nos concelhos vizinhos, na região, em Portugal, na Península Ibérica, na Europa, no planeta Terra…
Penso que há muito por fazer no nosso concelho, comecemos por aqui, respeitando a natureza e incutindo outras formas de a encarar aos mais novos.
Abraço
Gostei muito deste seu artigo.Assim como fazem pitéus a caça tambem não ajuda.Vivo em Cascais,mas tenho a minha casa em Envendos onde vou muitas vezes.Eu e os meus filhos.Alem da Serra do Casal,minha propriedade ter ardido totalmente,como todo o resto que tinha. Ando preocupada porque não vejo as Aguias e os Grifos.Smpre fizeram ninhos no alto dos penhascos,sobretudo junto ao Pêgo da Rainha.Da minha casa via-as a voar. Desde Setembro,nunca mais vi.Os ninhos arderam com a maldição do fogo? Pedia autorização para partilhar este seu artigo
Maria Clarisse Pimenta Mendes de Almeida (Rua Miguel Bombarda nº 2 Envendos)
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Força! Partilhe. Olhe quanto aos grifos esse safaram-se, pois uma semana depois do incêndio fui lá e constatei que pelo menos vinte aves acabaram por sobreviver. Já as águias quando lá fui não vi nenhuma, talvez derivado à falta de caça, ou então muitas terão morrido nesses incêndios. Grande Abraço e dê noticias.
Gady
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