Rios e ribeiras – Corredores de vida
Durante a semana passada aproveitei para percorrer algumas ribeiras no concelho de Mação. Fui com o proponente do projecto “Por este Tejo acima”, Rui Silva Pires, que me contactou com o objectivo de conhecer um pouco das ribeiras de Mação e me explicar um pouco o seu projecto.
Muito resumidamente este projecto “Por este rio acima” é destinado ao território do Tejo, às nascentes dos seus afluentes directos e ás aldeias mais próximas. Pretende criar ocasiões especiais para que as pessoas venham da foz do Tejo à procura das nascentes que para ele correm.
O projecto em causa está em votação neste link: https://opp.gov.pt/proj/343
Vamos apoiar esta causa?!
Como sabemos, um dia é muito curto para visitar as ribeiras deste concelho, pelo que tentei passar em alguns locais bonitos com florestas ripícolas mais ou menos consolidadas, pois a maioria delas encontram-se bastante degradadas, principalmente no que diz respeito ao avanço de espécies invasoras.
Não esqueçamos que no ano passado todo o concelho foi fustigado pelos incêndios, e hoje pude constactar que apesar de o fogo ter chegado aos amieiros não os prejudicou, podemos ver como estão verdejantes e cheios de vida. Reparei também que todas as acácias que os circundavam na periferia arderam. Os amieiros neste caso terão servido de resguardo a muitas espécies que terão fugido ao fogo.
Debaixo de árvores como estas a frescura é rainha, e ecossistemas maravilhosos podem ser observados…
Uma elação que talvez poderemos retirar daqui é que provavelmente com florestas ripícolas mais alargadas, revitalizadas com espécies mais resistentes aos fogos tal como o amieiro, azereiro, lodão-bastardo, choupos ou salgueiros poderiam de uma forma ou de outra ajudar as populações e a vida selvagem a sobreviver, e também a conter de certa forma a voracidade das chamas.
A acácia é um grande problema para estes habitats, pois a sua proliferação acaba por sufocar todas as restantes espécies existentes que lutam pela luz solar. Sendo uma planta leguminosa produz muito azoto que acaba por ser introduzido nos solos provocando alterações nas propriedades dos mesmos. Esta árvore também produz muita semente, e é com a passagem do fogo que a sua germinação é estimulada, nestes momentos milhões de sementes terão germinado pelos nossos campos. O seu corte também acaba por ser um problema pois acaba por rebentar por toiça ou mesmo pelas raízes. Muitos outros factores não a tornam benigna entre nós, pelo que há muito trabalho a fazer e que tarda em avançar.
Visitei algumas ribeiras, mas não poderia deixar de passar pelo Pego da Rainha na Zimbreira – Envendos. Local onde a água nasce diretamente das rochas, um local a visitar!
A Ponte Velha do Aziral, também conhecida por Ponte do Estreito merece destaque quando falamos das nossas ribeiras. Esta adequa-se perfeitamente na paisagem…
Apesar de este e de outros locais fantásticos existentes no concelho, creio que a população pode fazer mais e melhor por eles. Não só zelando, mas também promovendo a sua expansão. Eliminando espécies invasoras e por outro lado ajudando estas florestas ripícolas a proliferar para fora das margens das ribeiras.
As ribeiras são corredores de vida essenciais para a humanidade e muitas vezes o último refúgio para a vida selvagem!
Talvez através de projectos como este “Por este rio acima”, poderemos trazer mais gente a conhecer estes fantásticos habitats, alertando assim a importância da a sua preservação, eu já votei!
Agradecimento pela companhia neste dia ao Gonçalo Lobato, Rui Silva Pires e Arlindo Marques!
Grande abraço a todos os leitores!
Gady