Conheces a borboleta-cauda-de-andorinha?
Em Portugal podemos encontrar três espécies de borboletas da família Papilionidae, entre as quais a borboleta-cauda-de-andorinha Papilio machaon ssp. hispanicus (Linnaeus 1758), considerada por muitos uma das mais belas. Chega a medir 8mm de envergadura.
Distribui-se pela Europa, Ásia e Norte de África. No nosso país é bastante comum.
Um jardim florido e com muita diversidade de plantas, é meio caminho andado para podermos observar perto de casa esta e muitas outras espécies de borboletas que se alimentarão do néctar das flores. No entanto também há que ter alguma paciência ao vermos lagartas a comer as folhas de diversas plantas. Não nos podemos esquecer que esta é uma das fases (ovo, lagarta, crisálida, borboleta) que passa até chegar ao ser incrivelmente belo que é a borboleta.
Cada espécie tem preferência por determinada planta, no caso da borboleta-cauda-de-andorinha escolhem plantas da família das umbelíferas como hospedeiras. Se pretendes observar as suas lagartas que tal acrescentar no teu jardim plantas como a arruda Ruta Sp., funcho Foeniculum vulgare ou mesmo cenouras… (cuidado com os herbicidas). Perto de casa plantei arrudas, apesar de pequenas tiveram uma visita e a esta hora está uma pequena lagarta a alimentar-se. Atenção que as suas cores vistosas (verdes, preto e laranja) são um sinal para os seus potenciais predadores de que algo está errado…
Depois de ganhar tamanho e passar pela fase de crisálida algo fantástico despontará, quando finalmente a borboleta abandonar a sua velha vestimenta. Aí surgirá um ser belo, uma autêntica pérola da natureza. Com fundo amarelo, vários desenhos se apresentam de preto. Nas asas posteriores ainda apresenta tons azuis e laranja-avermelhados que dão brio à sua paleta de cores, estas terminam em ponta, fazendo lembrar as guias caudais de algumas espécies de andorinhas, talvez tenha derivado daí o seu nome.
Durante um ano três gerações poderão ser observadas. Poderemos encontrar esta espécie a voar mais ou menos entre a Primavera e o Outono, nos meses mais frios do ano passa despercebida na forma de crisálida.
Recordo-me de, quando era miúdo, em Idanha-a-Nova, a minha avó Maria Robalo Beato ao ver-me a correr desenfreadamente atrás destas fantásticas borboletas me dizer para não as incomodar pois eram espíritos, almas penadas que subiriam aos céus… deixando-me apreensivo a olhar aquelas enormes borboletas que podem chegar a medir cerca de 8 cm de envergadura, o que a torna uma das maiores borboletas encontradas em Portugal.
Apesar de existirem insectos que batem as asas a velocidades incríveis, a borboleta-cauda-de-andorinha apresenta uma marca muito modesta, cerca de 300 batimentos por minuto…
É importante respeitar toda a biodiversidade característica do nosso território, pois nela reside a nossa própria identidade enquanto povo.
Poderão ler um pouco sobre as outras duas espécies da família Papilionidae nestes dois artigos.
Borboleta-zebra: https://respiranatureza.com/2017/04/16/borboleta-zebra/
Borboleta-carnaval: https://respiranatureza.com/2017/04/15/borboleta-carnaval/
Ainda recomendo este pequeno video de Michel Henrotay sobre o desenvolvimento da espécie:
Grande abraço!
Gady
Referências bibliográficas:
TOLMAN, Tom; LEWINGTON, Richard (1999) – Butterflies of Britain & Europe (Collins Field Guide). Harpercollins Pub Ltd.
PELLERIN, Pierre, CHANNEL, Jim (1986) – A vida secreta dos animais, Nos Jardins e nas Casas. Bertrand editora. Venda Nova.
Selecções do Readers Digest (1991) – Sabia que…? Quetzal Editores. França.
MARAVALHAS, Ernestino (Edi.) (2003) – As Borboletas de Portugal. Multiponto, S.A. – Porto