Numa destas noites chuvosas dos últimos dias, heis que algo diferente se atravessa no tapete de casa… A minha pequena disse pai está aqui uma lagartixa, mas não foge…
Era um pequeno tritão-de-ventre-laranja Lissotriton boscai (Lataste, 1879) também denominado de tritão-ibérico. Endémico na parte Oeste da Península-Ibérica, em Portugal pode ser encontrado de Norte a Sul. Tende a ser menos comum em zonas áridas, pelo que a alteração de habitats é prejudicial para a espécie.
Como podemos ver nas fotos é um anfíbio de pequenas dimensões que quando adulto mede cerca de 8 cm.
A coloração da espécie é variável, no entanto o seu ventre é cor de laranja com pequenas manchas escuras, daí o seu nome tritão-de-ventre-laranja.
Esta altura do ano é propicia para encontrar a espécie, principalmente em noites chuvosas. É essencialmente nocturno, alimenta-se de pequenos invertebrados como lesmas, minhocas entre outros. De dia abriga-se por entre pedras ou troncos. Na fase aquática procura locais com pouca ou nenhuma corrente onde existam plantas aquáticas onde a fêmea cola os ovos. Relembro que escrevi um artigo na Primavera quando escrevi sobre larvas de Lissotriton Sp. , podem ler aqui: https://respiranatureza.com/2018/06/21/resgate-larvas-de-tritoes/
Habita em zonas florestais, prados, campos agrícolas entre outros, neste caso junto a hortas. Em geral zonas onde exista água.
Segundo constatei é um hábil trepador já que por momentos o coloquei num balde enquanto preparava a máquina fotográfica e este facilmente trepou e saiu lá de dentro, apesar disto não é um animal rápido pois em terra movimenta-se lentamente.
Após este pequeníssimo encontro, libertei-o a poucos metros onde o encontrei no meio da vegetação.
Aqui podem ver um pequeno video feito pelos meus amigos Michel Henrotay e Dália Marques:
Abraço!
Referências bibliográficas:
MARAVALHAS, Ernestino, SOARES, Albano (2017) – Anfíbios e Repteis de Portugal / Amphibians and Reptiles of Portugal. Booky Publisher.
Consulta na Web: