Depois de já ter escrito sobre os mais variados anfíbios que se podem encontrar em Portugal, heis que chegou a vez de falar um pouco sobre a salamandra-de-costas-salientes. Não porque estava na agenda, mas por ocasião, já que numa destas noites tive um “encontro imediato”!
Por volta da uma hora da manhã quando regressava a casa tive a sorte de encontrar uma.
Também conhecida como salamandra-dos-poços (Pleurodeles waltl Michaheles, 1830) é o maior urodelo (anfíbio com cauda) que encontramos em Portugal, podendo atingir cerca de 25 cm. Este espécime que encontrei não teria mais de 17cm.
O que me chamou mais a atenção, foi sem dúvida a cabeça grande e achatada, com dois pequenos olhos acastanhados, e em muito livros é descrita como tendo um aspeto primitivo o que não posso deixar de subscrever.
Como podem observar pelas fotografias que tirei, a sua paleta de cores varia entre os castanhos, cinzentos e laranjas.
Este animal possui glândulas nos flancos entre as patas dianteiras e traseiras e quando se sente ameaçado projecta as costelas expelindo por estas glândulas substâncias tóxicas (observem na foto os locais mais alaranjados) que acabarão por dissuadir qualquer animal que o queira comer… não todos mas muitos desistirão. Daí provém o seu nome.
Observem na foto os locais mais alaranjados.
A cauda é achatada lateralmente.
Não é um animal fácil de observar pois além do mimetismo, passa muito tempo debaixo de água. É nos meses mais frios do ano que se torna mais activa podendo ser observada ocasionalmente.
Alimenta-se de insectos e outros invertebrados entre outros pequenos seres.
Distribui-se pela Península-Ibérica e pelo Noroeste de Marrocos. Em Portugal é comum por todo o país, contudo no Norte do país as suas populações encontram-se mais dispersas.
A poluição, introdução de espécies exóticas e destruição de habitats, são alguns factores que influenciam negativamente a espécie. De realçar, e observo no terreno, que a mobilização de terras sem estudo prévio levam à perda de pontos de água, como nascentes, se a estes acrescentarmos os incêndios frequentes e consequente perda de habitat terrestre, veremos que há muito a fazer no que toca à manutenção de espécies como esta, que tendem a desaparecer em certos locais do país.
Um grande abraço!
Gady
Algumas referências bibliográficas:
MARAVALHAS, Ernestino, SOARES, Albano (2017) – Anfíbios e Repteis de Portugal / Amphibians and Reptiles of Portugal. Booky Publisher.
ALMEIDA, N. F., ALMEIDA, P. F., GONÇALVES, Helena, SEQUEIRA, Fernando, TEIXEIRA, José, ALMEIDA, F. F. (2001) – Guia de Campo dos Anfíbios e Répteis de Portugal. FAPAS.
CALDAS, Armando (2010) – Anfíbios de Portugal – Guia fotográfico Quercus. Quecus – Associação Nacional de Conservação da Natureza.
Na web:
Obrigado!
A partilha de informação é essencial para a preservação de todos os seres do planeta, só protegemos aquilo que conhecemos.
Abraço!
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Obrigado 🙂
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Bravo pelo teu trabalho de um grande especialista.
Devemos todos proteger a fauna,sobretudo aquela que está em vias de extinção, como a salamandra .
Idem para a flora.
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Obrigado 🙂
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