Um pouco por todo o país existem problemas com plantas invasoras. Algumas são mais notórias pelo seu porte, como as várias espécies de acácias que podemos encontrar por cá, passando por plantas mais pequenas como as conhecidas azedas Oxalis pes-caprae L., as tintureiras Phytolacca americana L. entre muitas outras.
No respiranatureza.com já escrevi sobre o pinheiro-ratinho (háquea-espinhosa) Hakea sericea, e é este o foco neste post, uma acção voluntária que teve como objectivo limpar um pouco desta espécie.
No Concelho de Mação, são extensas as áreas onde esta espécie domina sobre todas as outras, formando extensos bosques impenetráveis para muitos seres, inclusive o ser humano. Se há quem duvide, tente passar uma área compacta com este arbusto que pode atingir até cerca de 4 metros dependo das condições onde se encontra.
Após o último grande incêndio, neste concelho, em 2017, foram muitas as áreas onde esta espécie aparentemente foi eliminada. Mas hoje vemos que o que a princípio poderia ser uma “cura”, tornou-se numa grande complicação.
Durante o seu crescimento este arbusto vai formando sementes, que ficam presas numa cápsula dura, com a idade o número de sementes vai aumentando e aí permanecem. Quando a planta por qualquer motivo morre, seja por corte, ou pelo fogo, a planta reage e estas cápsulas vão abrir e soltar as suas sementes, que com a ajuda do vento são projectadas a grande distância, formando assim novos povoados.
Por estes dias extensos campos verdejantes podem ser encontrados onde, milhares e milhares de háqueas germinam. Em breve irão florir e ganharão as suas primeiras sementes, que aguardarão a sua vez para se disseminarem pela paisagem.
Ao ver as notícias, não observo interesse nesta invasão silenciosa…
De governo para governo, tudo olha para o lado. Por ignorância ou inércia este combate é inexistente. Se hoje a factura é muito dispendiosa, no futuro o valor será multiplicado vezes e vezes sem conta.
Enquanto cidadão observador do meio onde vivo tentei organizar uma pequena acção voluntária. Bem sei que é uma guerra que não pode ser feita isoladamente, mas exemplos podem ser dados.
Não podemos combater esta espécie em todo o território, no entanto podem-se formar pequenos grupo e cuidar daqueles locais que mais gostamos. Locais com interesse paisagístico ou mesmo edificado, como antigas pontes, capelas, fontanários, entre outros.
No último artigo que escrevi falei sobre a Lenda de São Gens, tentem ler aqui:
https://respiranatureza.com/2019/02/01/aldeia-dos-santos-e-a-lenda-de-sao-gens/
Foi esse o local onde se realizou esta actividade.
Através das redes sociais tentei espalhar a mensagem e marquei o dia 9 de Fevereiro para a concretizar.
Foram várias as pessoas que se disponibilizaram para combater a háquea-espinhosa nesta área e assim, proteger este local emblemático do nosso concelho. O almoço foi oferecido pela Junta de Freguesia de União de Freguesias de Mação, Penhascoso e Aboboreira, que que também se disponibilizou para apoiar a iniciativa.
A maior parte das plantas são de pequeno porte pelo que optamos pelo simples arranque ou corte, e em algumas áreas o combate com o fogo.
Dedicámos o dia a esta área, dando o exemplo, alertando para a existência deste problema.
Apelo a quem ler este artigo que tentem formar grupos interessados em proteger um pouco o que é de todos. Escolas, associações, grupos de escuteiros, poderão dar bons exemplos.
Aqui em Mação poderão surgir novas iniciativas e actividades.
Uma boa forma de combate seria elucidar a população, talvez organizar uma palestra sobre este problema, para que as pessoas saibam como podem reagir a este problema, construindo assim parcerias que nos ajudem a resolver este problema. Os muros apenas nos isolam.
Grande abraço!
Gady