Bom, se leram o meu último artigo, estava entre o moinho do meio e o moinho fundeiro das Casas da Ribeira, em Mação.
Tinha acabado de descer a encosta e chegado a linha de água. Na ribeira, água corre cintilante a caminho do Tejo. Há anos que corre sobre este leito tortuoso no meio destas serranias. A água foi amaciando e moldando as pedras mais duras, com a sua constante passagem ao longo dos séculos.
Junto a um muro volto ao mesmo, sigo mais uma levada de água. Avanço rapidamente por entre as árvores, pois a vegetação é diminuta. Um vulto preto cruza a ribeira mais abaixo. Era um melro-preto! Sempre atento aos intrusos que entrem no seu território. Solta um som de alarme enquanto voa escondendo-se no meio da vegetação. Estou certo que me observa escondido no meio do arvoredo. Uma ave interessante, sempre presente neste tipo de habitat.
Finalmente avisto o moinho fundeiro, o último moinho antes da ribeira do Caratão se cruzar com a ribeira de eiras.
Também neste moinho o telhado já está no chão. Algumas telhas, ainda resistem em cima das paredes de pedra. Noto uns pormenores engraçados nesta construção. Por exemplo nestas paredes construídas com xisto, uma pedra destaca-se com tons rosados, vá-se lá saber qual foi a ideia do “arquitecto”.
Em cima do que resta do telhado, um velho vaso esquecido lembra-me de velhos modos de vida agora ultrapassados. Enfim, cicatrizes de uma história que não terá atravessado o século.
Olho uma última vez para o moinho fundeiro e continuo ribeira abaixo…
Por aqui, os fetos reais ainda não começaram a despontar, em certos locais a água ganha calmia reflectindo perfeitamente o que se encontra à sua volta.
Mais à frente à água aproveita um pequeno desnível para se fazer ouvir, uma boa oportunidade para voltar a pegar na máquina fotográfica! E que tal?
Ao longo da margem direita da ribeira, um muro protege as terras férteis das enxurradas sazonais. Em tempos estes locais serviam para cultivo, sem gente a viver por aqui tudo volta a pertencer à natureza.
No meio das acácias jaz uma árvore. É amieiro, tal como eu disse, debaixo das acácias aos poucos tudo vai desaparecendo.
Na floresta a morte de um ser é uma oportunidade para os demais, neste caso centenas de cogumelos tiram partido em seu benefício.
Mais abaixo com menos árvores a vista pode se alongar mais longe. Rente ao chão uma enchente de teias de aranha parecem querer trazer magia a este local.
A paisagem mudou já repararam? Onde estão as acácias? Ficaram para trás, neste pedaço de ribeira por entre os ramos dos amieiros ainda podemos observar o céu. Daqui a um mês já não será bem assim, as folhas já começam a despontar. Não nos esqueçamos esta é uma árvore de folha caduca!
Se tiverem uns minutos releiam este artigo que escrevi acerca desta bonita árvore:
https://respiranatureza.com/2017/12/12/amieiro-alnus-glutinosa-importancia-e-propagacao/
Nesta zona nota-se bem a diferença! Escuto tentilhões, verdilhões, toutinegras e até um pica-pau a batucar num tronco algures por ali.
No outro lado da ribeira noto uma buraca… será? Não me atrevi a atravessar a ribeira, vai ficar para uma próxima quando o tempo mudar.
Já estou a reconhecer estas fragas junto à ribeira, estamos próximos da ribeira do Caratão que se vai juntar à ribeira de Eiras e terminar a sua história. Dali para baixo continuará a ribeira de Eiras, esta só termina o seu curso no rio Tejo.
A partir daqui o caminho é a subir, vamos por esta ribeira acima! Acompanham-nos no próximo artigo no respiranatureza.com?
Abraço!!!
Gady

Convido-te a seguir o respiranatureza.com
Abraço!!!
Obrigado Gady , pelas ótimas fotos, texto excelente e pela divulgação da terra onde fui Feliz,grande abraço .
GostarGostar
Abraço!
GostarGostar