Lugares – A antiga ponte de Macedo do Peso.

Em Macedo do Peso, uma simpática aldeia localizada no Concelho de Mogadouro, existe um local que gosto bastante, um local mágico onde o místico do ancestral nos transporta para outros tempos.

Mágico pela simplicidade da envolvência paisagística, mas em especial por uma bonita ponte medieval que se insere na paisagem de forma magnífica e que ali resiste ao tempo.

Enquanto caminho para lá vou tentando diferenciar os sons que a natureza me concede. O trovoar ao longe lembra-me que não levo comigo nada que me proteja da chuva, mas por enquanto ela cai longe. No cimo do monte escuto guizos, provavelmente andarão por ali ovelhas… um melro anda entretido a saltitar…

Por aqui passa a ribeira de Macedo, onde por estes dias corre boa água.

Curiosamente esta ribeira corre para norte, fintando as serras e montes, ziguezagueando no fundo de vales, até encontrar o rio Maçãs. O rio Maças nasce na nossa vizinha Espanha, na serra “de la Culebra”, província de Zamora. Por sua vez o rio Maçãs vai desaguar no rio Sabor.

Esta ponte de cavalete está assente sobre um único arco quebrado. Foi construída em alvenaria e xisto, e pelo que observo está bem estimada, o que me dá grande satisfação.

Enquanto observava o local começou a chover, no entanto, já tinha reparado que ali perto estava uma bela reentrância na rocha, que certamente já serviu de abrigo a muita gente…

Desta vez serviu-me a mim, a chuva caía tranquilamente e a mim soube-me bem ficar neste recanto a ver chover…

Inspiro fundo aquele ar fresco, agora com aromas desta terra molhada. Desde sempre me soube bem o fazer nestes momentos, absorver o cheiro a terra transporta-me sempre para momentos de infância como se fosse sempre a primeira vez.

As surpresas neste recanto transmontano sucedem-se…

No topo do abrigo está um ninho que não me é estranho. É um ninho de andorinha-dáurica, no entanto não estão ali a criar andorinhas…tem outros habitantes. Não quis incomodar os pequenos, são juvenis de carriça (posteriormente identificados pelo meu amigo  Paulo Alves) … duas ou três fotografias e lá ficaram no seu mundo…

Enquanto observava a chuva cair, reparei que no lado esquerdo deste abrigo, algo verde complementava este espaço onde me encontrava.

Uma rara espécie arbustiva no nosso país. Trata-se de buxo, uma espécie muito usada para ornamentar jardins, principalmente para fazer sebes, já que reage muito bem ao corte.

De facto, nesta zona do país podemos encontra-lo em estado selvagem, uma raridade.

Mais à frente encontrei um homem que guardava as suas vacas, Zé Maria era o seu nome.

Falamos um pouco, sobre aquele local. Quando lhe falei do buxo ele logo puxou uma navalha do bolso, e disse “a madeira de buxo é a melhor para fazer cabos de navalha”. Perguntei-lhe se o gado comia o buxo, mas não. Segundo ele não lhe tocam.

Enquanto regressava à aldeia observei umas plantas caricatas, com flores estranhas, são plantas do género Euphorbia, fantásticas não?

Em baixo uma fotografia de Euphorbia oxyphylla Boiss. Endémica da Península-Ibérica, bonita não?

Fim…

Grande abraço e obrigado pela leitura!

Gady

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