Corga – Um reencontro passado 61 anos…

Corga – reencontro passado 61 anos…

Se bem se lembram já escrevi no “respiranatureza.com” sobre um “pedaço” deste local no artigo “Penedo do Aivado”.

Este Verão tive o prazer de conhecer dois irmãos com um sotaque brasileiro. Dois portugueses que partiram da Corga do Castelo há 61 anos atrás…

Partiram para o Brasil há muito tempo. O Carlos com 3 meses e o Manuel com dois… um intervalo gigantesco que a alma quis quebrar.

Este verão conheci o Carlos Francisco Freixo, um professor de Língua Portuguesa e Professor de Literatura na UNOESTE (Universidade do Oeste Paulista), escritor, poeta, agora reformado a descobrir as suas raízes na aldeia do Castelo e o seu irmão Manuel (também professor e escritor) que vieram decifrar alguns fragmentos das suas raízes.

O seu pai (Francisco dos Santos) era de Mação e a sua mãe Narcisa Maria Freixo da aldeia do Castelo… e num destes dias partimos à descoberta, na aldeia do Castelo, onde a sua mãe terá vivido.

Em direcção à aldeia do Castelo fizemos a primeira paragem onde foi encontrado o tesouro do Porto do Concelho, descoberta arqueológica importante datado da idade do bronze. Mais abaixo a ponte que um dia terá sido romana e que atravessa a ribeira de Eiras.

 

 

A minha ideia inicial era mostrar o sistema de levadas de água existente na Corga do Castelo, mas antes de começar a subir parámos junto à ribeira do Castelo, onde, apesar de tudo abandonado, as hortas ainda dão uvas.

 

 

Por estas bandas terá nascido sua mãe, num tempo em que a vida era feita de trabalho árduo pelos campos. Ali vivia-se, principalmente, da agricultura e da pastorícia.

 

 

A Corga é um local bastante bonito e o som da água a correr pelas levadas é fascinante. Ali percebe-se como os “antigos” sabiam aproveitar o melhor que a natureza dá.

 

 

Por lá falamos com a Dona Manuela que nos brindou com simpatia.

 

 

Com o desenrolar da conversa acabou por revelar onde terá morado a sua mãe… no outro lado do vale…

 

 

Estas levadas de água, alimentam hortas e os moinhos de água. É certo que por ali se trabalhava bastante, pois nestes moinhos moeu-se muito cereal, mas, hoje em dia grande parte deles estão em ruínas.

 

 

Lá do alto a paisagem é magnifica e dá para alongar a vista…

 

 

Depois de passearmos um pouco naquela zona, decidimos ir até ao Penedo do Aivado que fica localizada mais abaixo…

 

 

E o Penedo do Aivado também conhecido como Penedo Maior…

Vejam este artigo mais antigo: https://respiranatureza.com/2019/01/23/4246/

 

 

Mas para o Carlos era importante ir até ao outro lado do vale, e assim foi. Hoje em ruínas, a casa de uma família que seriam os seus avós, mãe e quatro tias, ali permanece apesar do passar dos anos…

 

 

Se estas paredes antigas falassem estou certo que haveria espaço para horas de conversa.

 

 

No outro lado do vale o local onde estivemos em conversa com a Dona Manuela.

 

 

Mais tarde ainda houve tempo para passar por S. Gens, em Cobragança onde pudemos ver as gravuras rupestres…

 

… , e para finalizar parámos na aldeia do Castelo para contemplar a ponte velha.

 

 

Não fosse o Carlos um escritor, acabou por me brindar com alguns dos seus livros, que estou a ler com grande entusiasmo.

 

 

E para os leitores e para as gentes de Mação presenteia-nos com um poema seu escrito propositadamente para este artigo e para a sua experiência em Portugal.

 

“O mundo levou-me por atalhos tão imensos

Que mal tive tempo de encontrar-me ao berço

Já m’encontro em outro endereço

E a vida a exigir-me sempre intenso

 

A buscar novos atalhos que são rompidos

Na humana necessidade de ser mais

E compartilhar sempre uma paz

Da qual nem sempre estou provido

 

Há sempre um buscar por novos horizontes

Como se toda a paz se encontrasse ao longe

E a inquietude afugenta o monge

Que abandona a quietude do monte.

 

E, assim, a sede afasta-me da fonte

E do incessante trabalho do moinho

E já m’encontro em meio ao burburinho

Como fuga da paisagem e do “lounge”.

 

Quase não mais vejo as romanas pontes,

A Corga do Castelo, as Casas da Ribeira,

São Gens, o Caratão, o Pereiro, Ribeira das Eiras,

Mas agora as sinto como beber água à fonte.

 

E assim como o moinho que incessante roda

Faz-me a vida o refazer das horas.

Quase esquecidas mundo afora

Traz-me agora à esplanada plena prosa.”

Carlos Francisco Freixo

 

Grande abraço para o Carlos e para o Manuel, foi um prazer!

Para me despedir e deixar um pouco de “som” deste dia aqui fica um vídeo:

 

 

Gady!

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