Um destes dias enquanto andava no campo, reparei que algo se escondera de mim… não é razão para sobressaltos, era algo pequeno.
Aproximei-me… e no chão estava um pequeno buraco, à volta da entrada desta pequena toca, havia restos vegetais, raminhos, folhas secas. Mas tudo disposto de forma ordeira.
Para ser sincero não fiquei curioso, pois a curiosidade já a havia perdido há muitos anos atrás quando encontrei a minha primeira toca de tarântula-ibérica… o local era em tudo semelhante a este onde me encontrava. Um local seco, algo pedregoso, alto, e com pouca vegetação.
Só me restava saber se lá dentro estava algum animal…
Podem ver neste vídeo que fiz para tirar as dúvidas. Coloquei uma agulha de pinheiro na toca e pouco depois lá saiu ela a prender a agulha de pinheiro com as quelíceras. Parecia que estava à pesca.
O nome científico desta espécie é Lycosa hispânica embora existam outras sinonímias. Eu uso esta.
As aranhas da família Lycosidae, conhecidas como aranhas-lobo tem os olhos dispostos desta forma (observem nas fotos), dois olhos “grandes” virados para a frente, abaixo destes dois tem quatro mais pequenos dispostos em “fila”, e dois olhos laterais (um em cada lado) de tamanho intermédio.
Este espécime teria cerca de 7 cm e era uma fêmea, que neste caso carregava a prole às costas, tal como em outras espécies também nesta o macho é mais pequeno.
Existe uma outra espécie muito parecida em Portugal, a Hogna radiata, que é mais pequena e com as patas mais finas, de tons mais acastanhados. Observem a Lycosa hispanica…
Tons cinzento-acastanhados, as patas por baixo têm listras pretas, os dois primeiros pares de patas têm tons laranja, os outros dois tons cinza. Não tirei fotografia ao abdómen pois tinha as crias, por baixo é fantástico com cores preto e laranja vivo.
Estava por ali a fazer um trabalho, então aproveitei para ver o seu comportamento… coloca-se à entrada da toca para ver se passa alguma presa por perto, esta aranha caça de emboscada, não constrói teia como muitas outras.
Fiz uma experiência, ali perto apanhei um gafanhoto e coloquei-o na entrada da toca, foi num instante que o abraçou desaparecendo no fundo da toca… com comida na toca já não veio mais à entrada e assim deixei-a à sua sorte.
São animais a preservar! Não são perigosos para o homem, a sua picada não é mortal como talvez estivessem a imaginar…
Abraço!!!
Gady