Boas, queria ter escrito este artigo aqui no blog há uns meses, no entanto com a falta de tempo fui adiando, mas de hoje não escapa:
Em Portugal podemos encontrar 14 espécies de roedores (ordem Rodentia), entre eles encontramos o esquilo, o leirão e várias espécies de ratos e ratazanas.
Há uns meses atrás no início do mês de março, enquanto caminhava por um bosque bem desenvolvido composto maioritariamente por árvores do género Quercus, fotografava e registava vários elementos da paisagem como plantas, fungos, animais, rochas…
Quando cheguei a uma pequena clareira, sentei-me para apertar os cordões das botas e beber um pouco de água. Nas proximidades estava um tronco de sobreiro de dimensão média, pensei para comigo “vou vira-lo a ver se encontro algum anfíbio, provavelmente uma salamandra de fogo ou algo parecido”. Acabei mesmo por virar este tronco já bastante deteriorado. Para meu espanto esse tronco servia de abrigo a pequenos ratitos, engraçado que de espécies diferentes.
Consegui apanhar um pequeno rato de cauda curta do género Microtus, que após uns momentos de “interação” acalmou um pouco o que me permitiu tirar algumas fotografias. Para ser sincero não demonstrou grande dedicação a fugir, talvez por ainda ser inverno e provavelmente ainda estar em “semi” hibernação.

Não é fácil para mim identificar a espécie com total confiança, em Portugal podemos encontrar cinco espécies do género Microtus, o M. lusitanicus; o M. duodecimcostatus; o M. cabrerae; o M. arvalis e o M. agrestis.
Segundo observei neste espécime, a cauda é curta (cerca de um terço do comprimento total), tem os olhos pequenos quase que escondidos no meio da pelagem. Apresenta pelos na cauda, as orelhas ficam muito escondidas por entre o pelo que é denso e de cor castanho / acinzentado. Engraçado quando o vento forte lhe batia no pelo, levantando-o, dava para notar que era bastante denso, e se por cima apresenta tons castanhos, por baixo o pelo é escuro de tons acinzentados.
Depois de o libertar, fiquei a observar o seu comportamento à distância, movimentou-se para uma zona com uma manta morta generosa e com grande facilidade enterrou-se debaixo dos detritos vegetais, a princípio consegui ver por onde ia pelo movimentar das folhas à superfície, depois desapareceu, provavelmente encontrou um túnel subterrâneo.

Não nos podemos esquecer o quão importantes são estes seres para o ecossistema, tanto como elementos essenciais nas cadeias tróficas como pelo trabalho que efetuam no solo, como por exemplo na dispersão de sementes e o arejamento dos solos quando escavam túneis para se movimentarem evitando assim potenciais predadores como corujas, peneireiros, arminhos, raposas entre outros seres.
Hoje fico por aqui, grande abraço!
Gady (Rui Santos)