Estamos em novembro e as cores de outono acentuam-se aos poucos. As árvores de folha caduca começam a ficar despidas, por sua vez um manto de folhas vai deixando o chão da floresta protegido do frio que se avizinha… pelo meio das folhas são muitos os animais que se abrigam e é lá que outros agora procuram alimento.

Só as árvores de folha persistente se mantêm verdes e vigorosas, também elas são preciosas para muitos animais se abrigarem das baixas temperaturas e de potenciais predadores.

Apesar de muitas aves terem debandado para sul à procura de temperaturas mais quentes, muitas outras vieram tomar o seu lugar juntando-se às aves residentes (isto é, não migradoras, sendo encontradas em Portugal durante todo o ano). Entre as aves residentes que podemos encontrar, hoje escrevo sobre a trepadeira-azul (Sitta europaea).

A trepadeira-azul é um passeriforme pertencente à família Sittidae, que em Portugal conta apenas com esta espécie.

Uma ave de fácil identificação. Bico preto comprido, parte superior azul-acinzentada, parte inferior alaranjada. Na face apresenta uma máscara preta que vai desde o bico, passa os olhos e prolonga-se um pouco atrás da cabeça. Como todas as trepadeiras é hábil em percorrer troncos e outras superfícies em busca de alimento, contudo tem um comportamento singular entre as aves que encontramos em Portugal. A trepadeira-azul é capaz de descer ramos ou outras superfícies em sentido descendente! Incrível, não acham?

Alimenta-se de pequenos invertebrados, sementes e fruta, pelo que gosta muito de visitar os nossos pomares e jardins.

Habita diferentes habitats, já a encontrei em florestas bem desenvolvidas com carvalhos, castanheiros e sobreiros, bem como em zonas mais fragmentadas com hortas, pinhal, sobreiros e habitações humanas. Mas sempre com árvores de médio ou grande porte nas proximidades. 

Além da trepadeira-azul em Portugal podemos encontrar ainda outras duas trepadeiras, a trepadeira-comum (Certhia brachydactyla) da família Certhiidae, e a bem mais rara trepadeira-dos-muros (Tichodroma muraria) da família Tichodromidae. As três fotografias abaixo cedidas pelo amigo Joaquim Antunes de Barco – Covilhã.

Vamos aproveitar os meses que se avizinham e observar a natureza com mais atenção. Estou certo que se vão surpreender.

Um muito obrigado a Joaquim Antunes pela sua colaboração neste artigo.

Abraços!

Gady