Ao percorrermos o concelho de Mação, por vezes notamos na paisagem uns arbustos de um verde acinzentado, um arbusto espinhoso também conhecido como “pinheiro-ratinho” ou hakea espinhosa.
Nativa do sul da Austrália a Háquea-espinhosa, Hakea sericea, veio parar a Portugal muito possivelmente para fins ornamentais como muitas outras espécies invasoras, uma planta resistente à seca que encontrou no nosso país e concelho as condições ideias para a sua proliferação, tendo em algumas zonas formado áreas muito densas onde não subsistem outras espécies devido às suas populações muito compactas e impenetráveis que tornam esses locais inabitáveis a muitos animais, principalmente mamíferos.
Esta planta que em pleno inverno está cheia de flores proporciona às abelhas reservas para se alimentar quando o tempo está menos propício á floração de outras plantas, não creio que o mel tenha as mesmas características dos campos autóctones com urzes, carquejas e outras plantas procuradas por estes insectos.
Considerada como invasora já no final da década de 90, hoje em dia e cada vez mais se vai notando a sua expansão. Este arbusto que cresce até cerca de 4 metros auto propaga-se muito bem de via seminal, notamos os seus frutos muito agarrados aos ramos e quando a planta morre ou é queimada pelos incêndios esses mesmos frutos abrem soltando as sementes projetando-as a grandes distâncias assim possibilitando a existência de novos povoamentos cerrados.
Tal como as acácias também as Háquias com populações que tendem a evoluir vêm formando áreas muitos extensas pondo em perigo ecossistemas autóctones, um mal que tende a evoluir por não haver um plano de combate muitas das vezes apenas estudos, mas para mim isto é um erro pois as espécies invasoras não deveriam ser apenas um assunto local mas sim um assunto nacional e realmente combatido para bem de um futuro. Creio que um dia chegará em que alguém olhará para estes problemas e verá que é inevitável a reposição dos ecossistemas autóctones.
A erradicação desta espécie não é simples e é dispendiosa. É necessário cortar as plantas o mais rente possível deixando-as secar e queimar no mesmo local de corte para não espalhar as sementes por zonas não afectadas, após esta acção é certo que muitas plantas irão começar a germinar, plantas essas que não podem concluir o seu ciclo e produzir semente pelo que terão de ser cortadas também. Essas zonas teriam de ser monitorizadas para prevenir ressurgimentos da espécie no terreno, pois se deixar uma planta concluir o seu ciclo todo o trabalho para trás poderá ter sido em vão.
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